A força que carrega
R$ 11 bilhões
28 de Maio - A NIONE
Em cinco anos, receita das empresas Randon mais que triplica. Para seguir nesse ritmo, a companhia inova com metais mais leves e resistentes, nanotecnologia e até motores elétricos nas carretas. É o futuro do transporte de carga.
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O empresário gaúcho Daniel Randon é apaixonado por caminhões. Herdeiro e atual presidente das Empresas Randon, um dos maiores conglomerados industriais do País, ele tem tanta afinidade com carretas e estradas também porque seu sobrenome é quase um sinônimo do setor de implementos rodoviários. Nos últimos anos, a antiga paixão por caminhões passou a dividir a preferência de Daniel Randon com outra: a inovação introduzida por startups. Isso inclui metais mais leves e resistentes, tintas com nanotecnologia, eixo de carretas impulsionado por motores elétricos e uma infinidade de outras novidades que vêm definindo novos rumos para a companhia de Caixas do Sul, no coração da Serra Gaúcha. “Deixamos de ser apenas uma indústria de metalurgia e autopeças para nos tornar uma fabricante de pesquisas e de todo tipo de produção de conhecimento para o nosso setor”, disse Randon, em entrevista à DINHEIRO. “Nossas 29 fábricas pelo mundo são também laboratórios de ciência e inovação.”

 

Aos 45 anos, Daniel comanda o grupo Empresas Randon, companhia com faturamento de R$ 9,1 bilhões no ano passado, 16 mil funcionários e negócios em 120 países. Fundada por seu pai, Raul Anselmo Randon (1929-2018), a empresa já foi pilotada por seu irmão mais velho, David, e nunca deixou o guarda-chuva da gestão familiar. Sob sua direção, a Randon tem se tornado uma máquina de resultados. A companhia projeta alcançar faturamento de R$ 11 bilhões este ano, o primeiro bilhão de dois dígitos em 74 anos de história. E os números crescem na velocidade de um caminhão — controlado — na banguela. Em 2021, com o balanço da receita líquida de R$ 9,1 bilhões, a empresa fechou com resultado 215% acima de cinco anos antes. Em 2017, o faturamento foi de R$ 2,9 bilhões.

 

A companhia começou 2022 embalada. De janeiro a março, a receita líquida somou R$ 2,5 bilhões, aumento de 29,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Esse é o maior patamar para um primeiro trimestre em toda a sua história. O Ebitda consolidado foi de R$ 401,4 milhões, com margem de 16,2%, crescimento de 15% em relação ao que foi registrado no primeiro trimestre de 2021.O desempenho chamou a atenção não apenas pelos números, mas pelo cenário macroeconômico. Em tese, a alta dos combustíveis — que comprime as margens de lucro das empresas de transporte e de profissionais autônomos —, a alta da taxa de juros, que passou de 2% um ano atrás para os atuais 12,75%, e recuperação econômica ainda patinando no pós-pandemia deveriam esfriar o ritmo do setor. Mas não é o que ocorre com a Randon. “Parte do que deixamos de vender no segmento de veículos comerciais novos foi compensada pelo segmento de reposição. Quem não comprou caminhão novo investiu em manutenção do caminhão que já tem”, afirmou Randon.

 

Para o economista Hemerson Sousa, analista de indústria, o cenário é promissor. “A Randon, nos últimos anos, vem num claro movimento de fortalecimento de suas posições de caixa e consolidação das operações em suas frentes mais rentáveis de negócios”, afirmou. “A solidez da companhia, aliada a um ambiente favorável para o setor de transporte no Brasil e no mundo, eleva o potencial de crescimento para o grupo nos próximos anos.”

 

Uma das mais importantes iniciativas foi a parceria com a catarinense WEG para o desenvolvimento de um semieixo elétrico na carreta, que alivia a força do motor a combustão e reduz em até 40% as emissões de CO2. Outra novidade, também em parceria com a WEG, foi o desenvolvimento de tintas com nanotecnologia com óxido de nióbio, que apresenta ao mercado seu primeiro produto: uma pré-mistura com nanopartículas de óxido de nióbio. Sob responsabilidade da empresa NIONE, uma das 14 que compõem o grupo, o revestimento aumenta em 400% a resistência de metais contra a corrosão. “Essa é uma descoberta disruptiva para o mercado mundial, com potencial de abrir novas oportunidades para diferentes setores industriais e que nos motiva a seguir investindo nesse propósito”, disse o vice-presidente, Sérgio Carvalho, braço-direito de Daniel Randon na ofensiva tecnológica do grupo.

 

Fonte: Isto É Dinheiro- 28 de maio de 2022

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